A casa do século 21

Em 1967, o apresentador Walter Cronkite tinha um programa no qual trazia previsões sobre como seria a vida no século 21. No episódio de 12 de março daquele ano, Cronkite mostrava como seria a casa do futuro.

Segundo ele, a casa do futuro teria equipamentos com telas nas quais você leria notícias (e as imprimiria instantaneamente, se quisesse), acompanharia o clima, suas ações no mercado ou faria videoconferêcias. Curiosamente, cada máquina realizaria apenas uma função. O conceito de multitarefa não fazia parte nem da ficção científica. Confira:




Cronkite explicou que todas essas facilidades possibilitariam ao homem moderno trabalhar de casa, ganhando muito tempo livre. E esse tempo livre seria gasto assistindo televisão 3D e ouvindo música em som estéreo. Tudo numa confortável sala com cortinas que controlariam a entrada de luz:



Na cozinha, a comida seria feita automaticamente. Os ingredientes embalados sairiam da geladeira e iriam direto para o forno de microondas onde "seriam cozinhados em segundos". Os pratos seriam moldados no momento em que a pessoa fosse comer. Quando você terminasse a refeição, não haveria louça suja. Os pratos seriam reciclados e os resíduos destruídos. Veja:



O canal do YouTube de Matt Novak, o Paleofuture, costuma publicar vários vídeos "futuristas" ou de previsões futurísticas de tempos atrás.

Cibercultura no Brasil


Entrevista com o professor André Lemos sobre a cibercultura no Brasil
Por Fabiana Paiva, da Magnet

Pioneiro nos estudos em cibercultura no Brasil, André Lemos é referência no assunto. O professor doutor da Faculdade de Comunicação da UFBA aterrissou em São Paulo semana passada, convidado a abrir o simpósio Cibercultura 2.0. O evento, um dos poucos mas cada vez mais freqüentes na área, aconteceu no Senac de Comunicação e reuniu diversos estudiosos e profissionais para discutir o complexo campo cultural que se formou com as novas tecnologias.

Aproveitando sua presença em terras paulistanas e cibernéticas, André Lemos concedeu entrevista virtual à Magnet para falar um pouco mais sobre a realidade da cibercultura no país, como é o mercado de trabalho nacional e o campo de estudos para quem quer seguir essa carreira. André também deu um panorama dos cursos disponíveis atualmente e falou sobre como andam seus próximos trabalhos e as tendências da cibercultura para os próximos anos.

Como você definiria o conceito de cibercultura dentro do que conhecemos por sociedade contemporânea? Podemos dizer que a cibercultura é um conceito estritamente ligado às novas tecnologias e suas influências no modo de vida da sociedade atual, ou representa uma estrutura de valores culturais mais ampla? E a quem ela influencia? 

André Lemos -A cibercultura nada mais é do que a cultura contemporânea em sua interface com as novas tecnologias de comunicação e informação, ela está ligada às diversas influências que essas tecnologias exercem sobre as formas de sociabilidade contemporâneas, influenciando o trabalho a educação, o lazer, o comércio, etc. Todas as áreas da cultura contemporânea estão sendo reconfiguradas com a emergência da cibercultura.

Em agosto deste ano (numa outra entrevista) você afirmou que o Brasil tem facilidade de atração pelas novas tecnologias. Qual seria a razão? E considerando que o país ainda se encontra na "periferia" desse movimento, apesar da crescente movimentação dos hackers e dos grupos ciberativistas contra a exclusão digital, o que falta na sua opinião para o Brasil entrar de vez na cibercultura? 

André Lemos -A sociedade brasileira passou da cultura oral diretamente para a cultura audiovisual e isso interfere na forma como nos relacionamos com os novos produtos midiáticos. O Brasil enfrenta o problema, mundial, de inserção de camadas excluídas da população nas novas tecnologias. Para entrar de vez, precisamos de políticas públicas que garantam o acesso à totalidade da população, o desenvolvimento de softwares e um maior engajamento político através dessas tecnologias.

De 1991 (quando iniciou suas pesquisas) para cá, como você vê o desenvolvimento dos estudos e discussões sobre cibercultura no Brasil? E dentro dessa perspectiva, como você avalia a distribuição da produção científica nacional sobre cibercultura, além dos eventos como o Cibercultura 2.0, entre centros como Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo e a Região Sul do país? 

André Lemos -Os estudos em cibercultura ainda engatinham no Brasil, mas já existem grupos de pesquisa de ponta em várias áreas e em vários Estados do país. Temos ainda trabalhos interessantes em Recife, Porto Alegre.

Em quais campos da vida o profissional especializado em cibercultura poderá aplicar seu conhecimento? Onde ele atuaria dentro do mercado de trabalho nacional? 

André Lemos -Há várias áreas, desde a estritamente acadêmica até produção multimídia, jornalismo online, webdesigner, gestor de informação, além das ligadas à informática como programadores, analistas de sistemas, entre outras.

Você coordena o grupo de pesquisa em cibercultura, o Ciberpesquisa, na Faculdade de Comunicação da UFBA. Como você avalia os espaços acadêmicos em cibercultura no Brasil, em termos de quantidade, distribuição e qualidade curricular, por exemplo? Você indicaria alguns centros ou curso de cibercultura (nacionais ou internacionais) como referência? Quais? 

André Lemos -Não há cursos de cibercultura no Brasil, mas cursos que abordam um ou outro aspecto da cibercultura. Temos cursos em hipermídia, jornalismo eletrônico, webdesign, entre outros. O Ciberpesquisa está ligado à pesquisa em cibercultura, que é uma linha do programa de pós-graduação em comunicação da Facom/UFBa. Centros de referência no Brasil são: Ciberpesquisa (UFBa), Virtus (UFPe), Ciberideia (UFRJ). Há, nos programas de pós-graduação em comunicação do Brasil, linhas de pesquisa sobre cibercultura.

Quais foram os temas que o inspiraram ao longo de seu trabalho em cibercultura? Atualmente, quais são seus trabalhos na área? 

André Lemos -Trabalho com esse tema desde 1991, quando comecei meu doutoramento na França. Tenho tratado de algumas questões importantes para conhecer a cibercultura. Fiz trabalhos e pesquisas sobre sociabilidade online, hipertextos, cyborgs, hackers... Agora estou interessado na relação entre o espaço urbano e a cibercultura. Estou editando um livro sobre esse tema, Cibercidades, que deve sair ainda esse ano ou no começo de 2004.

Por fim, o que você apontaria como tendência para o futuro da cibercultura no Brasil, comparativamente às tendências no restante do globo? E qual sua avaliação sobre o surgimento de espaços de discussão como o Cibercultura 2.0? 

André Lemos -Espaços de discussão são sempre bem-vindos. Acho que o grande tema atual é o wireless, o wi-fi. A conexão móvel vai alterar práticas e mudar nossa percepção do ciberespaço. Cada vez mais estaremos imersos em um nomadismo que articula o espaço de fluxo com o espaço de lugar.

Publicado em: http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI218911-EI553,00.html

A hora da geração digital

'A hora da geração digital' é uma investigação do universo digital da tecnologia do século XXI. O autor Don Tapscott entrevistou cerca de 10 mil jovens numa pesquisa que custou cerca de US$ 4 milhões e, no lugar de um bando de gente grudada em telas com pouca capacidade de concentração e sem habilidades sociais, ele descobriu uma comunidade que desenvolveu novas formas de pensar, interagir, trabalhar e socializar. Com base em suas descobertas, o autor revela neste livro como o cérebro da 'Geração Internet' processa informações e como os jovens e a internet estão transformando a democracia.

Trecho do livro: "O impacto das redes sociais nos hábitos de consumo da Geração Internet é imenso e já perceptível. O poder da internet para descentralizar o conhecimento acarretou um profundo deslocamento de poder dos produtores para os consumidores. Os jovens da Geração Internet têm mais acesso a informações sobre produtos e serviços e podem discernir o valor real com mais facilidade do que as gerações anteriores. Mais do que nunca, as empresas precisam, para competir no mercado, de produtos realmente diferenciados, de um serviço melhor ou de um custo mais baixo, pois as deficiências de valor não podem ser escondidas com tanta facilidade. O valor real é evidenciado como nunca. A influência também está sendo descentralizada à medida que a Geração Internet se manifesta a partir das trincheiras modernas, também conhecidas como blogs. Blogs e outras mídias geradas por consumidores estão alterando as fontes de poder e de autoridade em nossa sociedade. Algumas dessas fontes têm uma capacidade surpreendente de influência, afastando a balança de poder de fontes mais tradicionais e reconhecidas. As empresas inteligentes entendem esse deslocamento de poder e o adotam."

Título: A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos
Autor: Don Tapscott
Editora: Agir
Valor: R$79,90

A próxima web

Analistas de si mesmos


Por Diogo Antonio Rodriguez

Cada vez mais pessoas partem para a filosofia do grupo Quantified Self, que usa a tecnologia para medir dados e criar relatórios da própria vida

Enquanto algumas pessoas se assustam quando descobrem a quantidade de dados coletados por sites e eletrônicos, outras parecem não se incomodar. Para elas, quanto mais informações puderem fornecer e compartilhar, melhor.

É o caso dos chamados “self-trackers”, pessoas que coletam dados sobre suas vidas diariamente. De aspectos corriqueiros a estatísticas personalizadas sobre o sono, alimentação, finanças e até genoma, os praticantes dessa corrente podem escolher entre as inúmeras variáveis que compõem a equação da vida. Mais: tentam interpretá-las para procurar desvios em padrões para prever doenças ou resolver algo que seja problemático – como a insônia.

Essa vertente filosófica contemporânea já tem sua escola de seguidores: o grupo Quantified Self. Fundado em 2007 em São Francisco, nos Estados Unidos, pelo jornalista Gary Wolf, o grupo tem ramificações em 82 cidades pelo mundo. Além do país, há grupos na Europa, Ásia e América do Sul, incluindo o Brasil.

Nos encontros, cada participante apresenta sua palestra sobre como descobriu uma maneira nova de acompanhar algum aspecto de sua vida e os métodos são compartilhados.

Mais do que juntar estatísticas, o que guia o Quantified Self é o “insight”: perceber algo sobre si mesmo através dos dados. Por isso, é importante a maneira de visualizar a informação: “A questão é sempre diminuir essa parte de análise, que é muito complexa e exige tempo”, diz o desenvolvedor Fabio Santos, responsável por organizar a filial brasileira do grupo.

Stephen Wolfram é o padrinho desse hábito. Fundador e CEO da Wolfram Research e criador do site de pesquisas Wolfram Alpha, o cientista mantém registros de vários de seus hábitos desde 1989. Um post em seu blog no ano passado analisou os dados que coleta ao longo do tempo. Ele descobriu que manda, em média, 250 e-mails por dia. Desde 2002, digitou mais de 100 milhões de vezes e fica quatro horas por dia ao telefone.

O designer Nicholas Feltron segue os mesmos princípios, mas tem um jeito diferente de compartilhar seus dados. Todos os anos ele divulga o Feltron Report, um relatório em que compila suas estatísticas. Entre 2010 e 2011, por exemplo, foram mais de duas mil horas de trabalho (média de 46 por semana) e 26.015 músicas ouvidas. Para ajudar outros aficionados por estatísticas, ele criou o app Daytum, que permite registrar e fazer gráficos do que se desejar.

As empresas de tecnologia já perceberam essa tendência e têm lançado produtos que se encarregam de fazer a parte mais trabalhosa do self-tracking (automonitoramento) e apresentar as informações de uma maneira simples. Segundo a lista do Quantified Self, já são mais de 200 ferramentas disponíveis no mercado para quem quer coletar dados.

A variedade é grande: há de aparelhos a apps, passando por redes sociais. Na última edição feira de tecnologia Consumer Electronics Show (CES), a tendência apareceu com força e novas ferramentas foram apresentadas. O HapiFork, por exemplo, é um garfo que mede o número de garfadas. Com o sensor iSpO2 o smartphone vira um medidor de batimentos cardíacos e da oxigenação. Para quem precisa controlar o peso, a balança Withings se comunica com um app e acompanha peso, gordura e qualidade do ar.

Baseada no Estado de Massachusetts (EUA), a empresa Healthrageous começa a levar a ideia para áreas mais tradicionais, como o dos planos de saúde. A plataforma de automonitoramento criada pela empresa incentiva os funcionários a cuidar da saúde usando recompensas ao estilo dos games.

Mas talvez o campo mais fértil seja o smartphone. Através dele é possível monitorar vários aspectos da vida com alguns apps simples (veja abaixo). Com tantas informações disponíveis, o self-tracking está criando um novo tipo de paciente, mais participativo e que exige explicações detalhadas de seu médico. Fabio Santos explica que embora o Quantified Self incentive o autoconhecimento, o grupo não concorda com a automedicação e orienta participantes a procurar médicos.

Publicado em: http://blogs.estadao.com.br/link/analistas-de-si-mesmos/